Thursday, April 27, 2006

 

Os DungoSauros Rex
São a mais energética e perfeccionista banda de covers que alguma vez ouvi. Os "manos" Dungo, uma espécie de 4 energias que se agregam sob o nome de Jim Dungo, um bocadinho na onda "Captain Planet", essa mítica figura dos desenhos animados que resultava da junção dos elementos água, fogo, terra, vento. E nesta banda, também é mais ou menos assim.
O fogo é sem dúvida o João Dungo, um frontman humorista e com uma capacidade histriónica imbatível: é vê-lo a saltar, a mostrar a barriguinha, a despir a camisola, a apertar a genitália, fazer coreografias na onda kamasutresca... enfim, um verdadeiro homem de palco.
O vento será o Bruno Dungo, um homem cuja energia, além de abanar pratos e timbalões, ajuda a espalhar ainda mais o fogo que já anda à solta no palco: primeiro estranha-se a maneira de o homem tocar bateria, porque toca praticamente de pé e com as peças todas numa montagem muito própria (isto, além de ser canhoto, o que também ajuda a isso); depois tem breaks que só ele deve saber como se fazem; e ainda tem tempo para ajudar nas vozes.
Depois temos os elementos mais soft, que proporcionam o equilíbrio global. A terra será o Tiago Dungo, guitarrista virtuoso, essencial à banda, mas que prima pela qualidade do que toca e não tanto pela exibição para o público.
E no baixo, a água, na figura do Pedro Dungo, mestre da chamada limpidez pujante, já que o feeling que imprime ao seu som...demais!
Pois juntamos tudo isto e temos uma explosão musical sem precedentes cá no burgo. Porque não é só pular e gritar e distorcer; são precisas muitas horas a tocar juntos, para se chegar a este patamar. E eles para mim, já estão nessa categoria: dinossauros. Não no sentido de "velhos e ultrapassados", mas no sentido de "banda de referência" - e no que toca a prestações ao vivo, não há outro termo comparável no universo das bandas de covers que conheço. E aí é que reside a diferença: porque eles podiam limitar-se a desempenhar o papel de "tocadores de música" e receber o seu dinheirinho, pois que estão "apenas"a tocar temas de outros. Mas não o fazem. Eles pões um tal coração em cada actuação, que mais parece que as canções saíram todas da sua cabecinha. E depois há outra coisa: tocam música mainstream, mas também tocam funk, hiphop, até dance music! Baralham e voltam a dar e tudo com uma qualidade impressionante. Já os vi tocar Red Hot (Give It Away)com a letra do "Chiclete"(dos Táxi); já os vi tocarem um medley de Michael Jackson com efeitos sonoros onstage, coreografia moonwalking e tudo; já os vi a cantar o "Creep" (Radiohead) em versão portuguesa...Têm uma criatividade a toda a prova. E não nos cansam. Porque cada actuação é única. E têm uma quantidade de músicas no repertório que nos espanta tentar perceber como encaixam aquilo tudo. Deve ser a chamada química.
E isso também resultou no fantástico cd de originais que gravaram, já em 2004 - "ALmoçamos à Meia-Noite?" - ao qual não foi dada a devida cobertura mediática e o qual, também fruto de algumas limitações de aquisição por parte das grandes superfícies, não vendeu mais do que a tiragem inicial, 1500 exemplares. Nos temas deles como nas covers que tocam ao vivo, muita originalidade, muita garra na sonoridade algo inovadora, assim como no vozeirão do João, secundado em alguns temas pela belíssima Lúcia Moniz. Este disco teve a produção executiva do impagável Manuela Moura dos Santos (o "mauzão" dos "Ídolos"), que é também o seu manager, tendo ainda colaborações dos seus amigos Rui Veloso e Manuel Paulo. Tinha, portanto, à partida, condições para se tornar um sucesso nacional.
Mas enfim, estamos em Portugal, e os rapazinhos não conseguiram alcançar o estrelato merecido, mesmo depois de um período algo confuso, em que actuaram como banda-suporte de Jorge Palma, tentando, quiçá, lograr uma promoção maior dos seus temas. O pior foi o público...Sim, porque já estava habituado a vê-los tocar as covers há tantos anos que estranhou! Vai daí, voltaram à fórmula original e aí andam eles, pelos bares deste país (pena que seja basicamente no Centro-Sul), a trazer alegria às noites, que estão cada vez menos criativas e electrónicas.
Salvé, DungoSauros Rex!

Comments:
Ao ler o teu post deu-me vontade de rir. Não por achar que estavas a dizer uma barbaridade, mas por achar que estás certo naquilo que dizes. Também sou Dungo-dependente e conheço-os minimamente para o perceber. Para mim são como que uma droga bem saudável, se é que isso é possível.
Gostei da tua comparação entre os vários elementos energéticos, tal como nos tais desenhos animados que tanto gostava e brincava. Se analisarmos com os signos de cada um, o único que acertaste foi mesmo o do João, apesar de não acreditar nessas coisas, mas percebo porque os caracterizas dessa forma e concordo com essa cartacterização.

Até breve...
 
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